O setor varejista, especialmente os supermercados,
que são operados basicamente no sistema de auto-serviço, busca a cada dia com
muita criatividade, soluções para melhorar o desempenho da loja. Neste setor, a
competição é cada vez mais intensa, pois, além do supermercadista oferecer
benefícios que realmente interessem ao consumidor, muitos dos varejistas
enfrentam os preços baixos da concorrência.
Um supermercado de pequeno a grande porte, oferece
um estoque relativamente amplo e completo de mantimentos, açougue, padaria, FLV
(folhas, legumes e verduras), laticínios, produtos de conveniência e utilidades
domésticas. Além disso, vários colaboradores operacionalizando de forma coesa,
para atender vários clientes ao mesmo tempo.
Assim, percebe-se que a dinâmica de um supermercado
é complexa, a movimentação de produtos, clientes, fornecedores é enorme e com
isso, perdas são inevitáveis, como: furtos externos e internos, falta de gestão
de estoque, quebras operacionais, negligências administrativas, passam
despercebidas aos olhos do varejista.
Mesmo com todo conhecimento do varejista em relação
ao seu negócio, a falta de processos e procedimentos internos, adequados, efetivos
e eficazes levam a perdas que comumente se encontram num patamar elevados. Ficar atento, para minimizar essas perdas, o varejo
alimentar precisa de muita habilidade para conservar uma rentabilidade para sua
sobrevivência.
Neste sentido, a Prevenção de Perdas se torna
fundamental, pois é uma ferramenta que utiliza procedimentos adequados para
combater as perdas e está se tornando estrategicamente bastante eficiente onde, os benefícios fomentam resultados
positivos para o setor.
Ao longo da minha trajetória profissional, tive a
oportunidade de trabalhar em uma cooperativa agropecuária que possuía vários
setores comerciais e um deles, um supermercado. Mesmo tendo auditoria interna
onde era realizados inventários para controle dos estoques, os resultados eram
meramente para confrontar estoque físico com o estoque contábil sem nenhuma
ação para minimizar tais perdas. Os setores com maiores índices de perdas eram,
laticínios, frios em geral e PLV (folhas, legumes e verduras) e/ou hortifrutigranjeiro.
Pois bem, a seguir demonstrarei quatro pontos de
suma importância implantados na minha gestão para fazer uma prevenção de perdas
e minimizar este problema e alguns conceitos básicos sobre o assunto.
Definição
de perdas e quebras.
Existem vários tipos de perdas e quebras dentro da
ambiência interna do negócio. A saber: furtos internos e externos, quebras
operacionais, erros administrativos, fornecedores e outros ajustes internos que
não são contabilizados pelo varejista.
Perdas são aquelas que você não consegue identificar,
desaparecem da loja, e assim, ninguém da noticia. Essas perdas representam a
diferença entre o estoque físico e contábil.
Quebras
ou quebras operacionais
são aqueles produtos que o varejista ou repositor de gôndola consegue
identificar in loco como: produtos
danificados, amassados, vencidos, degustação do produto dentro da loja pelo
cliente e/ou pelo funcionário e correlatos.
Somando tudo isso, perdas e quebras são
classificadas como perdas contábeis ou totais. Dinheiro saindo pelo “ralo” que
o varejista muito das vezes faz vista grossa por falta de uma gestão eficaz e
muito das vezes, acha outros meios de absorver este prejuízo. No caso de pequenos
e médios supermercados ainda se dá “um jeitinho” de sonegação fiscal.
Para realizar um trabalho de prevenção de perdas
primeiro precisa existir um comprometimento do varejista e toda sua equipe,
pois será a base desta atividade. Assim, todos os setores da loja e pessoas
devem entender o processo e os motivos para que não haja desvio dos objetivos
pretendidos e assegurar uma eficiência e eficácia nos resultados. Assim, com já
disse, quatro são o esteio para iniciar uma prevenção de perdas. A saber:
1-
Reursos Humanos: uma boa
gestão de pessoas é a base para que se tenha o resultado esperado. Para formar
uma equipe de prevenção de perdas Inicia-se com o recrutamento e seleção de
pessoas, pode ser interna e/ou externo. Precisa verificar de maneira racional
os antecedentes criminais, obter informações dos empregos anteriores e
correlatos. Verificar o perfil desta pessoa para o cargo/função, conhecimento,
habilidade, atitudes, enfim, ter um processo de recrutamento e seleção bem
definido.
Além disso,
desenvolver treinamentos, conceitos básicos de Prevenção de Perdas, qualidade
em perecíveis, procedimentos adequados de frente de caixa e recebimento de
mercadorias e outros fazem parte do processo.
Existem vários métodos no desenvolvimento dos programas
de prevenção de perdas, mas, o elemento mais importante de qualquer programa de
prevenção de perdas é construir a fidelidade do cliente, reduzir o interesse do
funcionário em roubar e aumentar a atenção nos furtos na loja.
2
– Segurança: A tecnologia para
prevenção de perdas é essencial. Levando em consideração que as perdas totais é
sem dúvida a falta de automação existente em uma loja, sua origem está nas
áreas operacional, financeira e contábil. Se uma loja não possuir uma automação
que controla a entrada e saída de mercadoria para gerar um conjunto de
informações para contribuir e gerar indicadores para medir o percentual de
perdas fica muito difícil o varejista gerenciar um histórico para orientá-lo e
tomar decisões futuras.
Cabe destacar que, na retaguarda, as atividades
básicas como: pedido de compra; recepção de mercadorias; armazenamento e
distribuição de produtos para a área de venda; precificação e reposição de
mercadorias deverão ser automatizadas. Com isso, existirá maior exatidão em
controlar o estoque; analisar o perfil do cliente e a rentabilidade por
produto; administrar melhor o giro de estoque; facilitar a reposição correta de
mercadorias; entre outras atividades. Além disso, controla-se melhor o problema
com data de validade vencida na prateleira ou gôndola, armazenamento inadequado
e roubo tendem a desaparecer reduzindo assim o índice de perdas.
Outro destaque é a linha de frente, uma vez
automatizada, atividades como: registro de vendas ao consumidor, emissão de
cupom fiscal; trocas e devoluções, agilidade no atendimento ao cliente, redução
de cheques sem fundos e outras atividades, serão realizada pelo operador do
caixa sem perda de tempo e ao mesmo tempo gerando dados que abastecerá o
sistema de retaguarda, sistema administrativo e financeiro da loja. Além disso,
com o leitor ótico em operação nos caixas, erros de digitação de preços de
produtos e quantidades serão praticamente eliminados reduzindo também o índice
de perdas do varejista. Em suma, pode-se considerar uma loja com automação
eficiente aquela que possui uma retaguarda e uma linha frente interligada.
Nessas circunstâncias, descrevo quais tecnologias de
segurança utilizada na minha gestão para um melhor controle das perdas. Lembro
que existem vários tipos de tecnologia de segurança para utilização com tudo,
vai depender do tamanho do varejo, tipo de produtos e viabilidade financeira
disponível.
a) CFTV (Circuito fechado de televisão): pode ser:
domes giratório e câmeras fixas, o CFTV pode ser utilizado na área de vendas,
principalmente onde estão posicionados os produtos de alto risco. Utilizados
também nas áreas internas para monitoramento de funcionários e na área de
depósito. Detalhe, não basta investir nessa parafernália se não possuir pessoas
para monitorar os equipamentos. São as pessoas encarregadas na segurança da
loja. Além disso, rádios comunicadores.
b) Software: ferramenta que controla possíveis erros
ou fraudes na operacionalização da loja. Fornecem no ponto de venda relatórios instantâneos:
cancelamento, notas de devolução, cupons de presentes, diário de caixa, cupons
fiscais, etc.
c) Automação e Gestão de estoque: possibilita a
diminuição de perdas, provoca eficiência nos processos, reduzem ruptura e
custos, rapidez, confiabilidade e capacidade de rastreabilidade. Compartilha
dados de vendas e estoque para que a ação de reposição seja mais eficiente e
ágil, e um gerenciamento das promoções e sazonalidades.
Lembro também que não pode esquecer outras
tecnologias básicas como: consultas a cheques e cartões, coletores de dados,
alarmes contra arrombamentos, espelhos, etc.
3
- Procedimentos operacionais / Processo
Aqui citarei alguns pontos principais onde é
fundamental redigir procedimento e processos por escrito para que seja possível
diagnosticar possíveis anomalias podendo assim, eliminá-las e/ou preveni-las
com ações operacionais específicas e mensurar os resultados.
Dicas:
defina a sequência certa para o trabalho; todos na mesma execução têm que
operacionalizar da mesma forma; escreva pouco, faça um resumo das atividades;
padronizar somente o que for necessário; desenvolva um manual.
Pontos principais que considero importante para
redigir processos e procedimentos padrões para prevenir perdas.
Dicas:
abertura de loja; portaria pessoal; recebimento de mercadorias; armazenamento
dos produtos; financeiro; reposição de mercadorias; operadores de caixa; área
de perecíveis, circuito fechado de televisão (monitoramento) monitoramento dos
equipamentos de segurança e os produtos considerados de alto risco de furto.
Além disso, é fundamental realizar inventário da
loja. O inventário físico é um procedimento de controle que visa apurar as
responsabilidades das pessoas que protegem bens da empresa. Esse procedimento é
executado pela contagem física das mercadorias e confronto do resultado com os
registros contábeis de estoque. Empresas informatizadas ou não que passam a
fazer inventários de estoque com mais freqüência e profissionalismo se
surpreendem com os resultados.
Sugiro que o inventário seja realizado a cada 120
dias. Na medida em que os resultados obtidos sejam satisfatórios reduzindo as
das perdas totais, o inventário poderá ser realizado no mínimo duas vezes ao
ano. O varejista que ainda utiliza esta ferramenta somente em cumprimento de
uma obrigação legal, ou seja, uma vez por ano, está perdendo muito dinheiro.
4
- Monitoramento
A noção de monitoramento nada mais é a verificação
operacional dos procedimentos estabelecidos para prevenir perdas. Para garantir
que todos os procedimentos descritos estão sendo seguido, o monitor deverá ter
em mãos uma lista de checagem que o próprio supermercadista disponibilizará
para realizar o trabalho.
Por exemplo, no meu caso, quando gerenciei um
supermercado em uma cooperativa, além da lista de checagem de rotina, foi
implantado um disk denúncia. Denúncias de fraudes, problemas de conduta de
funcionário e erros de operação eram facilmente relatadas ou denunciadas pelos
clientes e cooperados e porque não dizer pelos próprios funcionários. A partir
daí realizava investigação para comprovar a veracidade da denuncia sempre como
muito sigilo. O grande sucesso deste disk denúncia é que todos sabiam da sua existência.
Por fim, o gerenciamento da prevenção de perdas é
uma estratégia bastante eficiente para o negócio que reduzirá em muito as perdas e aumentará os lucros. Busque
mais informações sobre o assunto e colha excelentes frutos.
Autor: Giovanni Sangiovani
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